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“Doomscrolling”: o hábito perigoso que prende milhões às telas do celular

Você já se pegou rolando a tela do celular por horas, consumindo notícias ruins, tragédias ou polêmicas sem conseguir parar? Esse comportamento tem nome: doomscrolling. E ele está se tornando um vício silencioso que afeta milhões de pessoas no mundo todo.

📱 O que é doomscrolling?

A palavra doomscrolling combina os termos em inglês doom (desgraça, ruína) e scrolling (rolar a tela). Surgiu por volta de 2018, mas ganhou força especialmente durante a pandemia de COVID-19, quando o fluxo constante de más notícias fez com que muitas pessoas passassem horas buscando atualizações negativas — de forma compulsiva.

Na prática, é o hábito de consumir conteúdos negativos de forma excessiva, seja em redes sociais, portais de notícias ou até em grupos de mensagens. O doomscrolling alimenta um ciclo vicioso: quanto mais más notícias você lê, mais ansioso e angustiado fica — e mais sente a necessidade de continuar rolando, como se estivesse buscando uma explicação ou uma solução imediata.

📊 Os números por trás do vício

Estudos recentes mostram como esse comportamento afeta o bem-estar mental e o sono:

  • Um levantamento da American Psychological Association revelou que 42% dos adultos norte-americanos se sentem “constantemente expostos a um fluxo de más notícias” e dizem que isso impacta sua saúde mental.
  • Uma pesquisa da Royal Society for Public Health do Reino Unido apontou que o uso excessivo do celular à noite está diretamente ligado ao aumento da ansiedade e da insônia.
  • Segundo dados da consultoria Data.ai, o tempo médio global gasto em smartphones ultrapassou 5 horas por dia em 2024 — e grande parte desse tempo está associada a redes sociais e consumo passivo de conteúdo.

🚨 Consequências do doomscrolling

Os efeitos vão muito além de olhos cansados. O doomscrolling pode gerar:

  • Aumento da ansiedade e depressão;
  • Redução da qualidade do sono;
  • Sensação constante de desesperança;
  • Dificuldade de concentração;
  • Isolamento social.

“O cérebro interpreta esse bombardeio de más notícias como uma ameaça real. Isso ativa constantemente nosso sistema de alerta e nos deixa em estado de tensão crônica”, explica a psicóloga comportamental Mariana Ribeiro.

✅ Como se libertar do ciclo?

Vencer o doomscrolling exige consciência e pequenas mudanças de hábito. Aqui vão algumas estratégias recomendadas por especialistas:

  1. Estabeleça horários para checar notícias – Escolha 1 ou 2 momentos do dia, com tempo limitado.
  2. Use aplicativos de limite de uso – Apps como Forest, Freedom ou o próprio tempo de tela do celular podem ajudar.
  3. Desative notificações desnecessárias – Reduza as distrações e a urgência de desbloquear o celular o tempo todo.
  4. Escolha fontes confiáveis – Evite conteúdos sensacionalistas e focados apenas no negativo.
  5. Faça pausas digitais – Reserve momentos do dia para estar 100% offline, especialmente antes de dormir.

🌱 O que fazer no lugar do celular?

Substituir o tempo de tela por atividades que tragam bem-estar real pode ser transformador. Aqui estão algumas sugestões:

  • 📖 Ler livros físicos – além de relaxar, estimula a imaginação e melhora a concentração.
  • 🧘‍♀️ Praticar meditação ou yoga – técnicas simples ajudam a reduzir a ansiedade.
  • 🚶‍♂️ Caminhar ao ar livre – o contato com a natureza recarrega a mente.
  • ✍️ Escrever em um diário – ajuda a organizar pensamentos e emoções.
  • 🎨 Atividades criativas – como desenhar, pintar ou tocar um instrumento.
  • 👥 Conversas presenciais – encontros reais com amigos e familiares reforçam vínculos e combatem o isolamento.

📌 Conclusão

doomscrolling é mais do que um hábito moderno — é um reflexo do nosso tempo, em que o excesso de informação pode se tornar tóxico. Reconhecer o problema é o primeiro passo para recuperar o controle. A boa notícia? Existe vida além da tela. E ela pode ser muito mais leve.